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Ano da Fé

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

TEOLOGIA DO CORPO E CORPO DE CRISTO

Jean Auguste Dominique Ingrés
"A Virgem Maria contemplando a Hóstia"
1852
Publiquei recentemente um vídeo que fiz, tentando sumarizar a Teologia do Corpo do Papa João Paulo II.
Por ter sido algo que fiz tão recentemente, dei por mim a reflectir neste feriado sobre aquilo que une a Teologia do Corpo ao Dia do Corpo de Deus.
A palavra "Corpo".
Pensei se não será mais do que uma palavra que unirá esta solenidade e aquela parte da doutrina católica. E, sem surpresa, constatei que não é só a palavra que é comum, mas o seu sentido também... Afinal de contas, o catolicismo é um Todo, perfeitamente coerente e harmonioso entre as diversas partes que o compõem.

Ora, durante séculos o Catolicismo teve de debater-se com uma série de heresias e deturpações (os gnósticos, os maniqueus, os cátaros...) que viam o corpo como algo de mau, a matéria como malévola, a sexualidade como intrinsecamente pecaminosa.

Isto tinha implicações teóricas, como a negação do dogma da Encarnação, sem o qual o Cristianismo seria apenas a filosofia de um sábio oriental qualquer da Judeia Antiga. Mas também tinha implicações práticas, a nível moral... o aborto e o infanticídio eram promovidos, bem como o suicídio (vistos como uma eliminação da matéria e o atingimento de um novo nível espiritual) e a promiscuidade sexual (curiosamente, essas heresias consideravam que era impossível ao Ser Humano ter continência sobre os seus instintos, pelo que era preferível que os fiéis se "aliviassem" em orgias cuidadosamente elaboradas pelos líderes dessas seitas).

Como é possível depreender, esta mentalidade tinha como principal efeito uma sexualidade afastada do Amor conjugal, uma vez que a sexualidade já não era vista como uma forma de aproximar as pessoas, mas como uma forma de saciar as nossas pulsões. De igual, o Amor era afastado da vida dos crentes pela eliminação da vida, nascente ou não, uma vez que para existir Amor é necessário existir Vida.

E uma vida sem Amor é uma vida sem Deus, como bem se sabe.

A Igreja Católica sempre se opôs a estes movimentos. A Igreja prega um deus coerente, que afirmou no princípio de todas as coisas que tudo "era muito bom". Além disso, a Igreja prega a Encarnação, isto é, Deus a habitar na matéria, Deus a fazer-Se matéria. E fá-lo por nós, por Amor. Finalmente, a Igreja é a depositária da principal prova da Encarnação de Cristo: a Eucaristia, o Sacramento supremo, Deus feito matéria para ser comido por nós, bebido por nós, comungado por nós, incorporado em nós.

Ora vejamos: No Matrimónio, o homem "deixa pai e mãe, para se unir à sua mulher e eles serão uma só carne". Na Eucaristia, Jesus une-se a cada um de nós e torna-se um só com a nossa própria carne. No Matrimónio, a união da carne do homem e da mulher gera frutos, que são da mesma carne e do mesmo sangue que os do casal. Na Eucaristia, a união entre Deus e o Homem gera frutos de santidade, que são da mesma carne e do mesmo sangue que Cristo. Tanto o Matrimónio como a Eucaristia têm a mesma essência, a mesma substância: o Amor.

O Matrimónio mais não é do que uma pequena imagem da Eucaristia.

Por isso, não será de espantar que, num mundo em que tantos cristãos pensam que a Hóstia não é verdadeiramente Corpo e Sangue de Cristo, mas um mero símbolo... num mundo em que tantos católicos desconhecem e renegam o dogma da Transubstanciação... seja um mundo onde o corpo humano é constantemente degradado ao nível de um mero objecto sexual, ou destruído quando é inconveniente (caso do aborto e da eutanásia).

Será a ignorância do valor da Eucaristia que produz a apatia face ao Matrimónio? Será a ignorância do valor do Matrimónio que produz a apatia face à Eucaristia? Não sei... Não sei qual é a causa e qual é a consequência. Talvez, tal como as duas doutrinas estão interligadas, também as duas heresias o estejam.

Mas, de resto, é possível constatar que a nossa praxis pós-moderna é muito semelhante à dos gnósticos, maniqueus e cátaros. Quer isto dizer, que a melhor forma de evitarmos os erros cometidos pelos que subvalorizavam a matéria e a sexualidade NÃO É caírmos no erro oposto de sobrevalorizarmos a matéria e a sexualidade. Na verdade, ambos os extremos comportam-se de forma semelhante.

A melhor forma de evitarmos os erros cometidos pelos que subvalorizavam a matéria e a sexualidade é, precisamente, dignificarmos a matéria e a sexualidade, colocando-as ao serviço de Deus e do Homem. Isto faz-se, sobretudo, aprendendo com o Mestre, contemplando-O, recebendo-O. Ele aponta o caminho. A nós, resta-nos fazer como Ele fez, fortalecidos pela graça do Seu Sacramento.

4 comentários:

joaquim disse...

Meu caro amigo

Gostei muito e terei de reler para melhor saborear.

Peço licença, que desde já considero dada, para colocar este texto como referência no "Apenas Oração", como tenho feito com outros textos.

Um abraço amigo em Cristo

Alma peregrina disse...

Licença dada, com certeza Joaquim!
:)

Pax Christi

Flaviarquitetura disse...

Olá gostei muito de seu vídeo sobre Teologia do corpo.
Aqui no Brasil temos alguns trabalhos sobre este tema, e um curso virtual de teologia do corpo através do site http://teologiadocorpo.com.br/

Se for para seu acréscimo de informações dê uma visita.

Abraços

Alma peregrina disse...

Muito obrigado, cara amiga! Fico feliz que tenha gostado! Visitarei o seu site!

Pax Christi